
Sabias que são apenas quatro as emoções básicas que marcam as nossas vidas e são determinantes no nosso bem estar? Cada uma destas emoções coloca-nos em diferentes momentos no tempo.(passado, presente e futuro)
A primeira é a Raiva, esta emoção está ligada ao instinto de sobrevivência e originalmente servia para nos defender de uma ameaça, a nós ou aos nossos.
Quando sentimos raiva os nossos músculos ficam tensos, preparados para lutar e reagir e os nossos ritmos cardíaco e respiratório aumentam.
Talvez a tenhas vindo a sentir mais nos últimos tempos, uma vez que vivemos agora sob uma ameaça de perigo que é real, mas lembra-te que estamos todos no mesmo barco e por tal os outros poderão estar também à beira de um ataque de raiva.
Quando não controlamos a nossa raiva tendemos a descontrolar-nos e pioramos tudo, porque a outra parte pode sentir-se ameaçada e passar ao contra-ataque. Se por outro lado a reprimirmos estaremos a fazer mal a nós próprios. Seja a resposta passar à ação ou reprimi-la a raiva é sempre uma emoção destrutiva.
Por estes dias o que mais nos enraivece é aquilo que nos aconteceu (a todos) e nos faz sentir que perdemos a liberdade, a incerteza em que vivemos, a ausência de segurança que sentimos, as saudades do que nos era familiar…
Como podes verificar a raiva projeta-nos para o passado e isso impede-nos de viver o momento presente.
A segunda emoção é a Tristeza, esta emoção está ligada com a perda.
Sentimos tristeza quando perdemos alguém, ficamos tristes quando perdemos um objeto que consideramos valioso ou útil, ficamos tristes quando as nossas finanças levam um rombo…
Existe ainda um outro tipo de tristeza mais existencial quando perdemos a esperança, a vontade de viver e entramos num estado de apatia que nos debilita.
É normal estar triste, todos temos que lidar com os nossos “lutos”, parar às vezes para lamber as nossas feridas, para compreender o que aconteceu, preparar uma nova estratégia de vida, isto é até saudável mas quando deixamos que a tristeza se prolongue no tempo, para lá do necessário para ultrapassarmos o que foi perdido, pode levar à depressão.
Do ponto de vista fisiológico podemos observar que quando estamos tristes as nossas pálpebras descaem e os cantos dos nossos lábios também, ficamos com um “olhar perdido”. Isto porque a tristeza direciona a nossa atenção para aquilo que já perdemos, que já não existe ou para o que queríamos ter e já não temos; a tristeza projeta-nos para o passado, quando nos sentimos tristes não estamos no aqui e agora.
Em terceiro lugar temos o Medo, que tal como a raiva está muito ligado ao nosso instinto de sobrevivência; é uma emoção que nos alerta para uma ameaça.
Tal como acontece com a raiva, o medo ativa em nós a segregação de adrenalina, noradrenalina e cortisol, o que acelera o batimento cardíaco e a tensão arterial, além de provocar hiperventilação.
Outros sintomas físicos do medo podem ser transpiração, tremores e tensão muscular, o que por vezes parece deixar-nos paralisados. Em regra sentimos medo de coisas que podem nunca vir a acontecer e não estão no aqui e agora.
Alguns medos neste momento podem ser apanharmos ou alguém querido apanhar o vírus, perder o emprego, vir a não ter dinheiro para fazer face às despesas…
Este medo por antecipação, que se baseia nas nossas previsões do que pode acontecer, quando sentido de forma continuada pode levar a transtornos de ansiedade ou mesmo a episódios de ataques de pânico. Temos tanto medo do que pode acontecer que este medo nos paralisa.
O medo pode ser bom quando em pequenas doses porque nos mantém alerta e em estado de prontidão para o que vier mas é uma emoção que nos projeta para o futuro e a menos que tenhas uma bola de cristal não o podes prever com segurança. Quando deixamos que o medo tome conta de nós estamos a impedirmo-nos de viver ou desfrutar do que fazemos e do que temos, agora!
Por último temos a Alegria.
A mais misteriosa de todas as emoções, uma vez que nem sempre se justifica e porque sem se perceber muito bem como ou porquê, algumas pessoas têm uma predisposição especial para a sentir e outras tantas pessoas parece que a querem sempre boicotar.
Dependendo da intensidade, a alegria proporciona-nos uma série de experiências interiores que podem ir da satisfação serena até à euforia desmedida. Em qualquer dos casos esta é uma emoção que convoca em nós a vontade de celebrar a vida, a leveza e o otimismo. A alegria torna-nos mais empáticos, generosos e humanos, uma vez que quando estamos alegres queremos partilhar com o mundo inteiro o que sentimos.
Se gostas de futebol talvez já tenhas abraçado alguém que não conheces de lado nenhum, mas que via um jogo contigo, pelo simples fato de a vossa equipa ter marcado um golo. A alegria é assim, vive-se e dá-se.
Existem no entanto dois tipos de alegria; a alegria com objeto e a alegria sem objeto.
A primeira é efémera e volátil uma vez que depende de acontecimentos externos; uma vitória da nossa equipa, uma promoção no trabalho, um aumento no salário, uns sapatos novos que comprámos, um carro, uma televisão…
A outra, a alegria sem objeto surge do nosso interior, sem qualquer razão especial, é uma satisfação interior que se decide sentir, porque estamos em paz connosco, porque conseguimos focar-nos em tudo o que somos e temos e sentimo-nos gratos por isso.
É fácil agora perceber que das quatro emoções básicas que vimos, apenas a alegria pertence ao presente, o lugar do aqui e agora.
Talvez nunca te tenhas apercebido antes que as emoções te faziam viajar para o passado e para o futuro mas agora que o sabes e percebes como afetam o teu bem estar é uma escolha tua deixar que as tuas emoções te controlem.
Para o evitar proponho-te que em primeiro lugar te mantenhas atento ao que estás a sentir a cada momento para que possas tão simplesmente praticar este exercício que te vai ajudar sempre a voltar ao momento presente, onde residem a alegria, a serenidade e o bem-estar.
A partir de agora experimenta sempre que te sintas menos bem traduzir a tua emoção em tempo. Por exemplo:
Estou com raiva?/Estou triste? – Estou a viver no passado. Regressa ao presente! Agora!
Estou a sentir medo? – Estou a viver no futuro! Volta ao presente! Agora!
Quando deixas de te projetar para o passado, onde não podes mudar nada, ou para o futuro, que não podes prever ainda, recuperas a alegria plena do agora.
É o que eu faço constantemente.
Eu, como tu, também me sinto de vez em quando afetada por tudo o que nos está a acontecer, mas quando me apanho no passado ou no futuro, saio o mais rapidamente de lá e volto ao presente.
O presente está sempre aqui, momento a momento mas, como acontece com qualquer presente, para o desfrutar primeiro temos que o abrir.
Espero que tenhas gostado, que tenha feito sentido para ti e sobretudo que te possa ter ajudado nesta fase menos boa que todos atravessamos.
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Obrigada por teres lido até ao fim.